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Coro virtual é fake?

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Vídeos de corais em formato mosaico já existiam antes da quarentena, mas, durante a pandemia, viraram uma febre. Tem vídeo de coral pipocando para tudo o que é lado, revelando um potencial criativo dos regentes e uma capacidade de pronta adaptação incrível. Entretanto, algumas pessoas dizem que tudo é fake, que isso não reflete a realidade dos corais e, ainda, afirmam que os cantores não estão aprendendo nada com isso. “O pior cego é aquele que não quer ver” O trabalho remoto, de fato, não é igual ao real, mas desqualificá-lo diante do aprendizado é um absurdo. Eu mesmo não imaginava que seria tão eficiente antes de atuar nesse meio. Muita gente ainda insiste em dizer que o presencial é melhor. Eu afirmo que depende do ponto de vista. Relativização antropológica Um dos traços do homo sapiens é a transmissão de conhecimento por meios não presenciais. Temos as pinturas rupestres, hieróglifos, livros, artefatos, e muitas outras formas de deixar um legado para a posteridade, que não necess

Seu coro precisa de você AGORA!

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Durante a pandemia, alguns cantores abandonaram os grupos alegando não querer participar das atividades on-line. Prometeram, entretanto, voltar assim que os trabalhos se “normalizassem”, como se houvesse alguma maneira de voltar ao que era antes, sem levar nada do que foi construído durante a quarentena. Neste blog, escrevi alguns artigos mostrando que o coro que se propõe a manter os trabalhos como antes da pandemia, está fadado ao perecimento. Hoje, afirmo que, cada vez que um cantor sai do coro alegando não querer participar remotamente, contribui para acabar com todo o trabalho. Senso de pertencimento Se chegou num coro que possui várias pessoas e soa grandioso, considere-se uma pessoa de sorte. Só quem participa da implantação a partir do zero, sabe como é difícil. O alicerce dessa atividade é construído com muito empenho em um trabalho de colaboração intensa. Já vi muitos projetos estacionarem por não ter retorno suficiente, ou por não atender aos anseios dos integrantes. Corais

A tecnologia é excludente?

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Com as demandas do uso de ferramentas tecnológicas para o canto coral durante a  pandemia, muita gente considerou que as abordagens seriam excludentes, uma vez que não sabiam manusear os equipamentos, para atuarem no ambiente de produção online. Ora, uma tecnologia não pode segregar ninguém. Quem exclui alguém de uma atividade é a própria pessoa. Uma coisa é a dificuldade, outra coisa é a falta de disponibilidade para aprender algo novo. São o cantor e o regente que decidem usar o aparato, não é o aparato que escolhe quem vai usá-lo. Portanto, sob este olhar, só existem duas maneiras de haver exclusão: o cantor escolher não usar as ferramentas o regente não ensinar o cantor a usá-las Em ambas as situações não foi a tecnologia que excluiu, foram as pessoas que se omitiram, cada uma à sua maneira. Demandas para a educação no século XXI Durante a pandemia, tive a oportunidade de ler mais sobre o assunto, e os artigos acadêmicos concluem que não basta saber cantar, ou tocar, para tudo dar

Apocalipse Coral

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Durante o atual período, experimentei diversas ferramentas para a prática coral on-line. Algumas pouco eficientes, outras muito promissoras. Cada grupo reagiu de um modo, mas, de alguma forma, finalmente encontrei um caminho. Fiz uma live com professores da UNIRIO, que chamou alguma atenção, onde tive a oportunidade de deixar um pouco de minhas reflexões e propostas. Nada muito acadêmico, na verdade, totalmente pragmático. Muita coisa seguindo uma intuição pedagógica. Tive medo de apresentar as propostas. Normalmente, na música, lidamos com pessoas retrógradas, tanto cantores como regentes, que possuem dificuldade com novas tecnologias e não têm curiosidade de explorá-las. Eu, pelo contrário, sempre gostei de mexer com isso. Quando apresentei minha proposta de uso das novas tecnologias, alguns líderes e cantores vieram de encontro dizendo que o canto coral presencial jamais seria substituído. Me surpreendi, pois, ao explorar essas ferramentas, não estava buscando substituir o ensaio pr

Por que escolhi não aparecer regendo nos vídeos de coros on-line

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A explicação é simples: O único motivo pelo qual um regente resolve aparecer nos vídeos bancando o “boneco do posto” é para marcar território. Observe ainda que, normalmente, esses regentes não produzem o vídeo. Como não participam ativamente da produção final do som, que ficou a cargo de algum profissional que domina os softwares de edição, sentem ainda mais a necessidade de afirmar sua liderança. Em verdade, mesmo essa posição demonstra apenas o medo de perder o posto. E, a julgar pela técnica pouco apurada de muitos desses regentes somada ao pouco conhecimento tecnológico para realizar a função, a posição de liderança encontra-se, de fato, em grande risco. Tenho visto vídeos de pessoas que não passariam nem pelas matérias de introdução à regência de qualquer graduação em música que se preze. Ao se expor dessa maneira, esses regentes mal sabem o quanto estão denegrindo o próprio trabalho. O gesto precisa ser construído Existem muitas técnicas de gestual de regência. Cada uma com um p

A crise em cima da crise: o futuro do seu coral está em suas mãos

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Neste ano de pandemia, os corais estão com várias abordagens diferentes, e todas experimentais. Existem poucas experiências em ensaio on-line e o conhecimento agregado dos maestros em canto coral, e em tecnologia, tem sido fundamental para a manutenção dos grupos. Alguns maestros simplesmente cruzaram os braços, consequentemente, seus cantores também estacionaram. Mas, e quando o maestro resolve se movimentar e os cantores se mantém em estado de inércia? O que é preciso fazer? Nada. Já ouviram o ditado: “uma andorinha só não faz verão”? Fazendo uma analogia rápida: “um maestro só não faz verão”. Para que as novas propostas tenham efeito, é necessário, e importante, que os cantores se mobilizem em prol do conjunto e confiem que vai dar certo, se  seguirem as instruções dadas. Não há nenhuma segurança no que é proposto. A fase é de experimentação. Todos os coros agora são oficinas. Daí, quando um cantor se retrai e resolve parar, tudo se torna mais difícil. O grupo é o maior motivador É

Live com coralistas - Soluções para tempos de Corona Vírus

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“A vida é a arte do encontro,  embora haja tanto desencontro pela vida” Vinícius de Moraes Podemos afirmar que o momento atual é um baita desencontro que apareceu na nossa vida, mas isso seria um equívoco. Quando o carnaval passa e parece que os ensaios irão deslanchar, de repente, tudo para. Motivo: Corona Vírus. Até então, pra mim, corona era marca de cerveja. E das ruins! Há quem discorde. Eu não ligo. Mas, todos concordam que esse vírus tá causando um baita prejuízo. Não apenas financeiro, mas atrapalhando o que eu e os coralistas mais gostamos de fazer: Nos reunir no fim do dia e cantar uns para os outros. Momento único que eleva o espírito e revigora a esperança de um novo dia mais próspero. Neste momento difícil, está sendo necessário sair da rotina e, veja só, ficar em casa! Como se isso fosse rotina! Pois minha rotina é dar aulas e mais aulas e, no fim do dia, ensaio. Preciso ver gente diferente, aprender, ensinar, trocar. Enfurnado dentro de casa não é possível fazer

Prazo de validade para aprender música

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Início de ano e muita gente pensa em começar ou recomeçar as aulas de música. O sonho de dominar um instrumento com destreza povoa a mente de muitos e, por lidar com um desejo íntimo, proporciona muitas decepções. Atuando como professor de música, tive oportunidade de conviver com diversos perfis de alunos. Observei como o desejo de fazer música aflorou neles e como reagiram às frustrações. Digo, por experiência própria, conseguir fazer música é muito mais perseverança do que talento. Nunca me considerei um músico talentoso. Sempre tive que estudar muito para conseguir levantar um repertório. Conheço muitas pessoas que possuem mais facilidade que eu para realizar as tarefas musicais. No entanto, muitas vezes, o que impede um aluno de progredir é o tempo que dedica aos estudos. Tudo tem um tempo de amadurecimento, um tempo para as coisas acontecerem, para o corpo aprender. Nada em música é imediato, nem perene. Vivemos em constante mudança e aprendizado. Por isso, estabelecer

Como irritar o seu maestro

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Na última postagem, trouxe ideias sobre o que faz com que um maestro fique grosseiro. Conforme prometido, trago, nessa postagem, uma lista de atitudes que me deixam muito irritado. Tenho certeza que muitos colegas de profissão irão concordar. Veja a seguir: 1. Faltar a concertos Não existe atitude mais desrespeitosa do que faltar a um concerto. O concerto é o produto final dos ensaios. Tudo gira em torno dele. Muita energia é direcionada para que aconteça. Se, nesse momento, seus agentes não estiverem presentes, o trabalho fica comprometido. O maestro, como líder, vai repreender o cantor que faltar. E, quanto mais esfarrapada for a desculpa, mais irritado ficará o maestro. Portanto, ao faltar a um concerto, tenha consciência de que ouvirá uma "rabecada". Em alguns casos, a saída do grupo pode ser recomendada. 2. Não ter uma rotina de estudos Se o grupo exige uma rotina de estudos, o cantor precisa segui-la. É uma questão de respeito ao colega que estuda seguir-lhe o

Todo o maestro é grosseiro?

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Seu regente é grosseiro? Você acredita que isso seja reflexo de sua competência? Hoje vamos falar sobre uma polêmica antiga. Todo maestro é grosseiro? Veja a seguir: Autoridade e Competência Um dos recursos mais utilizados para o artista alcançar  sucesso é a criação de polêmicas para chamar a atenção. No caso do maestro, estas polêmicas estão mais relacionadas às questões de liderança e autoridade. Alguns maestros, para se destacarem, criam personagens próprios, muitas vezes excêntricos, cuja característica principal, em muitos casos, é a rispidez. Muitas pessoas esperam do maestro eficiência nos empreendimentos, tratando-os como artistas empreendedores, que inspiram os outros a realizar tarefas musicais. No entanto, nessa missão de ter autoridade sobre o outro, muitos maestros escolhem ser grosseiros e, alguns músicos e cantores, inclusive, concordam que esta deve ser uma característica necessária para a profissão. Essa aspereza, muitas vezes, é uma autoproteção, onde o re

Amadorismo e postura amadora no canto coral

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O canto coral é essencialmente amador no mundo todo. Os corais centenários da Europa e os principais coros do mundo são compostos por estudantes, membros da comunidade e alguns músicos contratados. Entretanto, o que os diferencia é a postura dos integrantes. Cenário Mundial Alguns países possuem ampla cultura coral e se esforçam na realização de censos que avaliam a conjuntura da atividade nas regiões. Destacam-se a Chorus America nos Estados Unidos, a Choral Canada, no Canadá e o Europa Cantat na Europa. Essas organizações fazem publicações periódicas com informações sobre a atividade coral em seus países. Esses censos sinalizam que a maioria esmagadora dos agrupamentos corais são amadores, revelando que a atividade é amadora na essência e que a entrega dos cantores e a boa organização das instituições são fundamentais para a perpetuação do gênero. Apenas nos EUA, percebemos uma quantidade mais expressiva de corais profissionais, constituídos de cantores que recebem para c